A primeira infância corresponde aos primeiros 1.000 dias do bebê. Ou seja, algo em torno de 2 anos de idade. Nesse período o pequeno tem percepções muito evidentes de sobrevivência. O simples fato de estar com fome já ativa o alarme interno de ameaça à vida. Por isso é essencial que os cuidadores dessa criança se desdobrem para oferecer o melhor acolhimento possível. Caso contrário, poderá levar marcas psicológicas por toda a infância e, quiçá, para toda vida.
No caso dos pais, ou dos responsáveis pelo recém-nascido, é imperativo que a atenção seja redobrada. Afinal, a percepção dessas crianças é de perigo iminente a todo instante. Se as perturbações do pequeno forem atendidas por seus cuidadores, o bebê terá uma memória de satisfação. Caso seus choros e incômodos não sejam correspondidos, o estresse poderá lhe causar irritabilidade, apatia e até considerável perda de peso.
Apesar de parecer óbvia a necessidade de afeto ao recém-nascido, muitos responsáveis abdicam desses cuidados nos primeiros anos de vida da criança. Ou seja, não suprem a necessidade de afeto, suporte, colo e atenção que os bebês tanto necessitam nessa fase delicada de suas vidas. É aí que a criança desencadeia o estresse tóxico. Nesse caso, o recém-nascido é exposto a circunstâncias estressantes praticadas por adultos ao seu redor. Essas ações traumatizantes para o bebê ocorrem de forma constante e repetida ao longo de semanas, meses e até anos.
Entre elas destaca-se o próprio descaso do adulto em relação ã criança, ignorando todos os sinais de choro e resmungo. E não para por aí, o estresse tóxico pode se originar a partir de abusos físicos e emocionais, além de exposição constante a brigas entre os cuidadores, abuso de drogas, bullying e pobreza extrema.
Esse desamparo à criança pode desencadear uma série de problemas para o seu desenvolvimento. Quando o bebê é exposto a situações de estresse, há um estímulo na produção de adrenalina e de cortisol. Neurologicamente falando, o excesso desses hormônios pode comprometer o seu desenvolvimento cerebral, já que enfraquece muitos neurônios. As consequências negativas, decorrentes dessa fase, podem se perpetuar por toda a vida da criança.
Tipos de estresse
Mesmo se a mãe e o pai forem zelosos com seus filhos, todos os bebês estão sujeitos a serem acometidos por algum tipo de estresse. O transtorno só se difere pela intensidade.
Estresse leve: De curta duração e baixa intensidade. É positivo;
Estresse moderado: Um pouco mais intenso e sério. Não compromete;
Estresse tóxico: É intenso e prolongado. Traz consequências emocionais e neurológicas;
É importante destacar que o estresse tóxico nada tem a ver com o stress do dia a dia, quando uma criança recebe um não e faz birra, ou quando está com fome ou sono. Trata-se de algo muito mais específico e sério.
Esse tipo de estresse é notório em crianças que viveram seus primeiros anos de vida dentro de abrigos ou instituições para crianças carentes. Adultos que sofreram perturbações na primeira infância, tendem a não saber reagir com fatores e desafios estressantes. Isso ocorre devido a liberação em excesso de hormônios como adrenalina e cortisol nos primeiros meses de vida.
Por isso qualquer pediatra intensifica a importância de um ambiente favorável para o pequeno. Ou seja, a criação deve se dar em um ambiente familiar que estabeleça relações seguras entre pais e filhos.
Um ambiente em que o afeto é priorizado é capaz de reverter qualquer tipo de transtorno psicológico que venha comprometer a saúde infantil. Por isso é fundamental que os cuidadores mantenham uma rotina de muitos vínculos afetivos com a criança, priorizando a atenção, o carinho e o amor. Isso irá beneficiar a criança para o resto de sua vida.